O Sr.
Jose tinha uma maritaca. Pela manha
gritava sem parar. Acordava toda vizinhança. Quando passava voando sobre a casa
um bando de seus iguais, gritava ainda mais de ser tão desigual ali presa em um
poleiro com os pés amarado por uma corrente. Se consolava quando o Sr.
Jose coçava seu pescoço, ou saia para
passar pela vizinhança.
Um
dia, como por encanto sua corrente se quebrou, saiu de seu poleiro rapidinho e
foi para o alpendre, e de lá do alto pode ver as arvores, sentiu que podia voar
novamente, e lá de cima ver a mata verdejante, e ficar bem mais perto do céu
azul, e voar ate um pé de sapucaia, ir ate um pé de ceboleiro, com suas flores
vermelhas e doces como o mel, e ali junto com os seus, podia “matraquear”
a vontade, gritar bem alta para espantar outros bandos, afirmando: —
aqui não.
Sentir novamente o calor do sol da manha, ver o sol refletindo sobre
suas penas verdes, um dourado sem igual, brilho este que chama atenção de um parceiro,
que com o bico acaricia seu pescoço. Voar com leveza ate aquela frondosa e
antiga figueira perto da lagoa, e em seu galho mais altos e firmes fazer seu
ninho e assim perpertuar, junto com seu único parceiro para sempre.
Assim
se encheu de esperança, e de coragem, naquele alpendre, abriu suas asas pulou
Pum... esborrachou, lá em baixo no passeio,
tinha ela esquecido, que a maldita ambição humana, lhe tinha cortado as
penas de sua aza esquerda para que ela não fugisse, e assim o Sr. Jose pudesse
coçar seu pescoço, e desfilar com ela pela vizinhança.
Agora se
contorce pelo chão vendo sua vida esvaindo, e o céu azul infinitamente
distante, começa a se carbonizar, sentido uma dor profunda, mais que a dor da
carne, é a dor de não ter conseguido voar, de repente uma força, não sei de onde vem e da o seu
ultimo grito como se assim dizer: — EU QUERO VOAR, se debate mais uma vez, e com olhos fixo no
céu azul, deu seu ultimo suspiro. Acabou. Ficou apenas um silencio profundo, e
ela só.
Paulo Knop <>< 12/07/2008
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