quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Biscoito de Polvilho da Vó Ana.

Quando se chega a sua casa, a felicidade se aflora em seu rosto. A timidez em nos receber, a forma simples de nos cumprimentar, o suave toque de suas mãos frias. A conversa é pouca e o aconchego da sala é grande. O olhar meigo disperso que se encanta com nossa presença. Fragrância da vida gostosa de ser vivida.

Há pouco, como por encanto, cadê a vó? Ruídos na cozinha, bacia nas mãos, receita de cor em sua memória, lembranças de ainda menina: um pouco de polvilho, tem de ser azedo, um ovo outro ovo, delicadeza na mistura dos ovos, água morna e uma pitada de sal, mexe mais um pouco e mais um bocadinho. Está pronta a massa.

Segredo ainda por vir. Duas panelas no fogão. Afirma: “Biscoito se frita em gordura morna”. Mostra marcas ,nas mãos , de seu aprendizado. O cheiro nos convida a sentar-se à mesa, e de repente ela surge com um sorriso, carregando um prato cheio de esbeltos biscoitos de multi formas e dourados, delícias para ser apreciado com café forte, café bom torrado e moído em moinho de ferro. De mansa voz, fala sobre a vida cotidiana, em Nosso Senhor que ilumina os nossos caminhos.

O tempo passa. Novas idéias, novos horizontes, novas tecnologia do século XXI. A receita do biscoito de polvilho não muda. Tem gosto de carinho da vó Ana, gosto do simples, da vida boa de ser vivida.

Obrigada vó Ana. Seus netos lhe agradecem.  
                                 
                                                                                                                          Paulo Knop